terça-feira, 30 de abril de 2013

“Vós sois a luz do Mundo” (Mt 5,14)


Antes de escrever este texto fui à capela do Seminário onde moro para fazer a minha oração. Ao chegar na capela no momento da oração tive uma inspiração sobre qual seria o tema deste pequeno texto. Isto mesmo: “vós sois a luz do mundo”, esta é a palavra para nós nestes tempos tão difíceis como os nossos, afinal de contas o tema da luz ainda está muito freqüente em nossas mentes e nos nossos corações, pois acabamos de sair de uma Semana Santa onde a Luz irrompeu as trevas e nos trouxe a certeza da Ressurreição.
Mas como esta palavra chega ao nosso coração? Como ela pode encontrar resposta na nossa vida de
cristãos? Essa palavra sobre a luz quer guiar o nosso passos nesta estrada que por vezes parece escura e solitária. No entanto, é a partir de sinais que vamos dando os passos necessários na nossa vida sendo, assim como Cristo Ressuscitado, luzes em meio a escuridão. É assim que nós Cristãos devemos ser, luzes em meio as trevas atuais. Aliás, o tempo da Páscoa que estamos vivenciando nos coloca diante de uma realidade bastante clara: somos filhos das trevas ou da luz? Claro que a Luz que caminha conosco não é um foguinho fraco, mas uma luz que ilumina até mesmo aqueles que agem na vida das pessoas fazendo com que essas pessoas se tornem outras luzes.
Hoje em dia há uma necessidade muito grande de definirmos a nossa identidade e acredito que a nossa identidade só será mais completa quando observarmos que nossa vida só tem sentido no relacionamento com Deus e com os irmãos. Tomara Deus que nós nunca percamos a  nossa missão pascal, a saber, o de morrer para ressuscitar com Cristo e assim leve consigo muitas almas para Deus, pois não podemos esquecer que no início do capítulo 28 de Mateus diz: “Depois do sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo.”
Assim, sempre haverá um sábado em nossas vidas onde tudo parece perdido e acabado. No entanto é importante lembrar que a palavra diz que o dia amanhecia, isto é, a luz começava derrotar as trevas até acontecer o grande clarão e a mudança de direção na vidas daquelas pessoas que achavam que tudo tinha terminado; as mulheres foram ver o túmulo acreditando que tudo estava acabado, mas ao chegar constataram a grande notícia: Ele ressuscitou e não está mais aqui! Tenhamos pois a coragem de gritar para tudo aquilo que gera a morte: Ele ressuscitou e não está mais aqui, a Luz venceu as trevas e disso nós somos testemunhas, pois no Cristo Ressuscitado encontramos a vitória da Vida sobre a Morte.
Em Cristo Jesus o Ressuscitado, Pe. Emanuel Rodrigues

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Eu te amo: eu também?


Uma das palavras mais usadas no nosso vocabulário é amor. Muito se fala em amor, tudo é amor,tudo é feito em nome do amor. Estranho tudo isso, pois mesmo entendendo-se amor como sentimento não colaboramos para a compreensão desta palavra que mais do que um sentimento é uma disposição interior. Não gosto quando as pessoas dizem perto de mim que o amor é um sentimento. Isso é muito pouco para definir o amor. Definir o amor por sentimento é esvaziar tudo o que de fato ele é, pois o sentimento é passageiro, fugaz e tem a tendencia dese perder com uma simples variação de humor.

Vou provar pra você da importância daquilo que estou falando. Geralmente quando uma pessoa fala para o
outro eu te amo, a resposta é imediata: eu também. Todavia, isso não é resposta. Eu também mesmo que queira confirmar não dá sentido algo que foi manifesto. Qual a razão das pessoas não corresponderem afirmando eu amo você também? Acho que já sei: é o medo de se comprometer. Todas as vezes que respondemos eu amo você também, nos comprometemos com aquilo que foi expresso, pois o amor não é um sentimento, não será sentimento. Ele é a disposição que cada pessoa tem de acolher o outro com suas belezas e com suas imperfeições.

É por isso que o amor não pode ser um sentimento, pois o sentimento esfria nos momentos de desgosto. O sentimento esquece os compromissos feitos, o sentimento afoga aquilo que sentimos pelo outro, pois ele mesmo não está seguro do que realmente é. A disposição não, acolhe, confia, celebra e ama. Na disposição não importa quem nos chega, ele é presença de Deus. Talvez a experiencia monástica tenha algo a nos ensinar, pois no mosteiro quando chega um hóspede é o próprio Cristo que ali chegou. É disposição não é sentimento.

Dessa forma peçamos a Deus que nos ajude a amar não como um sentimento,mas como uma disposição interior capaz de acolher aquele que nos foi ofertado pelo próprio Senhor, pois Ele se deixa encontrar naquele que está ao nosso redor.

sábado, 27 de abril de 2013

Um Escândalo que Permanece Atual



            Dentre as mais variadas expressões da nossa fé a dinâmica da páscoa é a que ainda nos nossos tempos arranca inúmeras opiniões. Assim, como no texto bíblico há quem se assuste com a notícia da ressurreição, pois graças ao ateísmo moderno plantado nas nossas cabeças por uma série de programas, leituras e até músicas, muitos perdem a noção do sagrado e aos poucos se esquecem de regar a planta que um dia foi semente depositada em cada um de nós.
            Outros, ainda se escandalizam pelo fato de Jesus, mesmo sendo Deus, não “fulminar” os seus algozes“Reuniram-se estes em conselho com os anciãos. Deram aos soldados uma importante soma de dinheiro, ordenando-lhes: Vós direis que seus discípulos vieram retirá-lo à noite, enquanto dormíeis. Se o governador vier a sabê-lo, nós o acalmaremos e vos tiraremos de dificuldades. Os soldados receberam o dinheiro e seguiram suas instruções. E esta versão é ainda hoje espalhada entre os judeus.”
quando os mesmos caçoam dele pendente na cruz. Isso por vezes é motivado pela ideia dominante que diz o seguinte: “bateu, levou”. Pobre de nós… Quando Cristo chama ao perdão por vezes caem na tentação: Desce da cruz se és o Filho de Deus. Diante disso, o fato é que desde o dia em que Nosso Senhor venceu as garras da morte, vemos no evangelho a tentativa de fazer da ressurreição uma mentira. Vemos em Mt 28, 12-15:
         Assim, desde que Jesus ressuscitou vemos a tentativa, ainda que fadada ao fracasso, de omitir esta verdade de fé procurando enganar as mentes mais simples. Hoje em nossos dias vemos as investidas de tantos setores que ainda tentam dizer que os discípulos roubaram o corpo do Mestre ou ainda que a ressurreição não passou de uma ilusão coletiva. O mais engraçado é ouvir que Jesus ressuscitou, pois está vivo na experiência de vida das pessoas. Isto seria mais um consolo do que uma verdade de fé. Preferimos ficar com São Paulo (1Cor 15,14-18) quando nos diz: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. Além disso, seríamos convencidos de ser falsas testemunhas de Deus, por termos dado testemunho contra Deus, afirmando que ele ressuscitou a Cristo, ao qual não ressuscitou (se os mortos não ressuscitam). Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé, e ainda estais em vossos pecados. Também estão perdidos os que morreram em Cristo.”
         Dessa forma, caminhemos na luz da ressurreição, pois ela é a garantia de que não seremos confundidos nos momentos de escuridão. Ela será a garantia de que assim como o Senhor ressuscitou, nós também ressuscitaremos com Ele e para Ele.
Com a estima de sempre, Pe. Emanuel Rodrigues da Silva.
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sexta-feira, 26 de abril de 2013

São José Cafasso

São José Cafasso,  nasceu em Castelnuevo, Itália, no ano de 1811, onde também nasceu o grande São João Bosco. José Cafasso, desde criança, sentiu-se chamado ao sacerdócio, que foi se tornando cada vez mais forte no decorrer de sua vida com Deus.Assim, entrou para a formação sacerdotal e se tornou padre aos 23 anos, destacando-se no meio de tantos por seu amor aos pobres e zelo pela salvação das almas. Depois de comprovado e dedicado trabalho na Igreja de São Francisco em Turim, José assumiu, com toda sua bagagem de pregador, confessor e iluminado diretor espiritual, a função de reitor e formador de novos sacerdotes. Dom Bosco foi um dos vocacionados que desfrutou das formações e aconselhamentos deste santo, pois como um sacerdote sintonizado ao coração do Cristo Pastor, sabia muito bem colocar sua cultura eclesiástica, dons e carismas a serviço da salvação do próximo. Dentre tantos ofícios assumidos por este homem incansável, que foi para o Céu em 1860, despontou José Cafasso na evangelização dos condenados à forca, tanto assim que ficou conhecido com o “Santo da Forca”

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Uma Igreja para o fim

Quando lemos a história do cristianismo, sobretudo o início da Igreja, podemos observar que a religião cristã foi alvo de tantas perseguições. Lemos, quase que assustados, o exercício da barbárie humana. Imaginamos quantos cristãos foram perseguidos e mortos por causa do evangelho de Jesus Cristo. Quantos anônimos quem nem sequer um dia foram lembrados. Muitas eram as formas de se matar um cristão: decapitação, crucificação, ser jogado às feras, ser "assado" no fogo ou ainda ser colocado no óleo quente.
A não ser em alguns países que perseguem os cristãos, quase não vemos mais essas coisas. Todavia, no nosso tempo, a perseguição ainda continua e não de forma disfarçada.

Vemos uma espécie de terror que aos poucos começa a se instaurar na sociedade. Vivemos num país livre
onde a opinião não é crime. Mas aos poucos vemos acenos de que, dizer o que se pensa pode representar um incômodo nas pessoas e na sociedade. Aos poucos percebemos a Igreja ser encurralada no meio da história, pois seu discurso cada vez mais não é compreendido e, por isso mesmo, ela é entendida como uma instituição arcaica, ultrapassada e que nada tem a oferecer ao homem moderno. Justamente aqui, percebemos o maior engano, pois é essa Igreja tão difamada e perseguida, que nesses tempos tem dado sua contribuição numa sociedade que caminha em direção não sei de que. Aos gritos de modernidade, novidade vão deixando para trás os valores que são tão caros a nós cristãos. Não estou falando aqui de coisas do passado (como roupas eclesiásticas ou coisas do tipo), falo de valores essenciais para nós que somos cristãos.

É alguém que é atacado aqui, outro que é agredido ali. Até quando ficaremos pensando e nos alegrando por uma fé morna e apática? O Senhor prepara um povo forte para o fim, prepara um povo destemido capaz de dá a vida por sua Palavra. Ah, Igreja do Brasil, vamos ver como você se comporta no final... Estamos nos preparando para algo que já começou acontecer, quem tiver força e coragem verá a glória de Deus, do contrário vai ser muita gente correndo e virando as costas. Ainda, gostaria de partilhar algo com você, pois há muito tempo eu tinha uma certa desconfiança sobre essas coisas, mas depois de algumas experiências que tive, vejo que é a mais pura verdade. Ou nos preparamos para o fim, ou seremos nós mesmos o fim. Iniciemos pois essa preparação para algo que já começou. Ah, sim... Lembrei! Você não precisa concordar comigo pois somos livres, mas eu não preciso esconder o que acredito, pois estamos num país livre.

Dessa forma cada um espere pelo que acredita, pois começa a chegar um tempo onde aquilo que nós acreditamos será a única forma de nos mantermos em pé.

Com a alegria de sempre, Pe. Emanuel Rodrigues
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quarta-feira, 24 de abril de 2013

A Eucaristia: antecipação do céu


Esses dias me perguntei uma coisa: como anda nosso relacionamento com a eucaristia? Acreditamos que encontramos Jesus todas as vezes que nos ajoelhamos na hora da consagração? Com qual espírito nos aproximamos da comunhão eucarística? Certamente deve ser o mais piedoso possível. Por isso, gostaria de partilhar com vocês esse texto que escrevi.
Sobre isso, podemos nos lembrar da jovem, beata Imelda Lambertini que nos oferece um belo
exemplo sobre o amor a eucaristia. A beata Imelda sempre teve uma atenção especial a Jesus Eucarístico e por isso era comum vê-la junto ao sacrário rezando muitas vezes ao dia. Ela por ser pequena sempre pedia para comungar e perguntava-se "Como se pode continuar vivendo nesta terra após ter recebido o próprio Deus? Meu Jesus, quando poderei também eu ter a alegria de Vos receber?"  Ainda outro dia Imelda disse na hora da missa: “Meu Jesus, dizem-me que, pelo fato de ser criança, não posso ainda comungar... Mas Vós mesmo dissestes: ‘Deixai vir a Mim os pequeninos’. Eis que Vos peço, Senhor: vinde a mim!” . Mesmo sendo criança e não podendo comungar ela não desanimou e aguardou com cuidado e carinho o feliz dia em que seus lábios tocariam o corpo do Senhor.
Diante de um pedido ardoroso deste eis que o milagre aconteceu! Jesus, em seu terno amor aos inocentes e humildes de coração, não resistiu a esse apelo: uma Hóstia destacou- se do cibório, elevou-se no ar e, traçando um rastro luminoso por onde passava, foi pousar sobre a cabeça de Imelda! O ministro de Deus, vendo nesse prodigioso fato uma clara manifestação da vontade divina, tomou a Hóstia e deu-lhe a Comunhão. Com clareza Jesus vai ao encontro daqueles que o desejam ardorosamente. Após comungar ela fechou os olhos e inclinou a cabeça e ali ficou recolhida em silêncio. Terminando a missa e mesmo depois de um longo tempo ela permaneceu quieta sem nenhum movimento tanto que ninguém ousava perturbar sua adoração silenciosa. Quando foram lhe chamar um grande espanto se apoderou de todos: Imelda estava morta, seu coração não resistira a tanta felicidade!
De fato: como podemos nos aproximar de Jesus e não morrer de felicidade, ou ainda como podemos receber Jesus e não viver de felicidade? A pequena Imelda nos ensina o caminho seguro onde podemos receber Jesus da melhor forma possível. Que este exemplo de uma criança nos ensine a receber Jesus de forma mais piedosa, que a hóstia não se resuma a um pedaço de pão, ou ainda não seja um “pedaço de pão velho”, que o nosso sentimento interior seja de alegria. Já se disse certa vez: Beati mortui qui in Domino moriuntur (Bem-aventurados os que morrem no Senhor). Saibamos morrer com o Senhor, para ressuscitarmos com Ele. Que o Corpus Christi seja a festa do céu em nossas vidas.

Pe. Emanuel Rodrigues

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terça-feira, 23 de abril de 2013

Segurando um braço


Nestes dias, estive visitando um amigo padre que está trabalhando na cidade de Brejo da Madre de Deus. Foi uma experiência muito boa e cheia de alegria por conviver com pessoas tão agradáveis, isto por causa da longa amizade entre nós. 
Num dado momento, fomos a uma das igrejas da cidade e quando chegamos me deparei com a imagem do Senhor morto. Essa imagem foi esculpida por um escravo e foi o preço para a sua libertação. Nesse momento em que conversávamos ao lado da imagem, que era em tamanho real, segurei o braço de Jesus, pois o mesmo tinha articulações e podia ser movimentado. Ali estava eu! Segurando um braço, mas não um braço qualquer, segurava o braço de Jesus. Foi tão grande a emoção que comecei a rezar, rezar e rezar. Não tive outra reação, só quis rezar. Fiquei pensando em muitas cenas do evangelho onde Jesus usa suas mãos e o seu braço para curar, acalmar o mar, mostrar aos discípulos as marcas da paixão e também para carregar a cruz. Além disso, pensei nas inúmeras vezes que Nossa Senhora segurou naquele braço ainda pequeno e pedi por assim dizer que Jesus e Maria não soltassem os meus braços, pois sem o auxilio de Papai do Céu e Mamãe do Céu as dificuldades da vida podem nos derrubar.
Não é sem razão que Santo Agostinho ao meditar sobre a Virgem Maria diz:“Entre todas as mulheres, Maria é a única a ser ao mesmo tempo Virgem e Mãe, não somente segundo o Espírito, mas também pelo corpo. Ela é Mãe conforme o Espírito, não apenas d’Aquele que é nossa Cabeça, isto é, do Salvador do qual Ela nasceu, espiritualmente. Pois todos os que Nele creram – e nesse número Ela mesma se encontra – são chamados, com razão, filhos do Esposo (Mt 9,15). Mas, certamente, Ela é Mãe de seus membros, segundo o Espírito, pois cooperou com sua caridade para que nascessem os fiéis na Igreja – os membros daquela divina Cabeça – da qual Ela mesma é, corporalmente, a verdadeira Mãe. Convinha, pois, que nossa Cabeça, por insigne milagre, nascesse segundo a carne de uma virgem, dando a entender que seus membros, que somos nós, haviam de nascer segundo o Espírito dessa outra virgem que é a Igreja. Somente Maria, portanto, é mãe e virgem, no Espírito e no corpo. É Mãe de Cristo e também Virgem de Cristo.”
Te pedimos Mãe de Deus, não permita que sejamos vencidos pelas quedas, mas nos segura pelo braço assim como segurastes teu Filho tantas vezes. Queremos estar em teus braços, pois estando Contigo, teu Filho nos perdoará já que o que temos de mais valor carregamos nos braços.
Com carinho,
Pe. Emanuel Rodrigues da Silva
Twitter: @peemanuelsiva
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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Maria segundo Santo Agostinho


Entre todas as mulheres, Maria é a única a ser ao mesmo tempo Virgem e Mãe, não somente segundo o espírito, mas também pelo corpo. Ela é mãe conforme o espírito, não dAquele que é nossa Cabeça, isto é, do Salvador do qual ela nasceu, espiritualmente. Pois todos os que nele creram – e nesse número ela mesma se encontra – são chamados, com razão, filhos do Esposo (filii sponsi) (Mt 9,15). Mas, certamente, ela é mãe de seus membros, segundo o espírito, pois cooperou com sua caridade para que nascessem os fiéis na Igreja – os membros daquela divina Cabeça – da qual ela mesma é, corporalmente, a verdadeira mãe. Convinha, pois, que nossa Cabeça, por insigne milagre, nascesse segundo a carne de uma virgem, dando a entender que seus membros, que somos nós, haviam de nascer segundo o Espírito dessa outra virgem que é a Igreja. Somente Maria, portanto, é mãe e virgem, no espírito e no corpo. É Mãe de Cristo e também Virgem de Cristo.

domingo, 21 de abril de 2013

O bom Pastor


Neste 4º domingo da Páscoa temos a imensa alegria de celebrar o domingo do Bom Pastor. Jesus nos
ensina que as ovelhas escutam a Sua voz e há um conhecimento mútuo, ou seja, o pastor conhece as ovelhas e as ovelhas conhecem o seu pastor. Isso é uma atitude de intimidade que envolve pastor e ovelha. Essa atitude faz com que o Pastor dê a vida eterna afim de que as ovelhas não percam.

Como é bonito escutar Jesus falar que é o bom Pastor. Um pastor que cuida do seu rebanho, que vela por cada ovelha. Alguém que é capaz de ir na boca do lobo para lutar pela vida da ovelha. Mesmo alguém dizendo que "nos nossos tempos ninguém quer ser mais ovelha, o povo quer ser protagonista." discordo decididamente, pois essas categorias não são "sociológicas", mas categorias aliadas ao mundo da espiritualidade. Somos todos ovelhas pois é Ele mesmo que cuida de nós. Mesmo os padres também, antes de tudo, são ovelhas.

Por isso percebemos que a categoria de ovelha não é algo excludente, mas inclui todos. Ser ovelha é escutar a voz do pastor, quem não quer ser ovelha, em muitas situações, prefere fazer o seu próprio caminho com suas ideias e conceitos quase que contrários a voz do pastor. Dessa forma, damos espaço para que os assaltantes nos levem o coração. Bem já disse santo Agostinho sobre o evangelho de hoje, quando fala dessas ovelhas que o Senhor atrai: "No que concerne a essas ovelhas, nem o lobo arrebata, nem o ladrão pega, nem o assassino mata. Seguro está do número delas aquele que sabe o que por elas deu. E isto significa o que afirma: Ninguém vai arrancá-las de minha mão, e também o que diz do Pai: Aquilo que meu Pai me deu é maior que tudo. E o que é que o Pai deu ao Filho, que seja maior que tudo? Que ele fosse o seu Filho Unigênito”.

Assim,da parte de Jesus estamos contados, mas de nossa parte: estamos incluídos?

Pe. Emanuel Rodrigues
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sábado, 20 de abril de 2013

Tu tens palavras de vida eterna

No evangelho de hoje podemos perceber a resposta que os discípulos dão a Jesus depois que Ele tinha proferido o discurso do pão do céu. Simão Pedro após a pergunta de Jesus: "Vós também quereis ir embora?" responde dizendo que "A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna." Nesse nosso tempo, por vezes somos questionados pelo próprio Senhor. Suas palavras nem sempre soam de forma doce aos nossos ouvidos e, por isso mesmo sentimos Ele mesmo nos perguntar, se depois de tantas coisas vividas juntas, nós também não queremos ir embora.

Bem sabemos que a fala de Jesus continua a ecoar pelo mundo e, por isso, somos chamados a responder
ao seu apelo. Todavia, responder a pergunta do Senhor pede de nós uma autêntica colaboração na obra de Deus. Não podemos responder de "meia boca" ou ainda fingir que não é conosco. Responder já é se comprometer com aquilo que acreditamos. Poucos possuem a coragem de dizer: "A quem iremos Senhor?" Talvez aqueles que adoram o Senhor, aqueles que morrem todos os dias para que Cristo nasça nele. Poucos dizem "A quem iremos.." pois muitos sabem que podem ir a outros.

Queremos ficar com o Senhor, pois só Ele nos dá o pão do céu. Todas as vezes que se celebra a eucaristia temos a oportunidade de está com essa "Palavra de vida eterna". Todas as vezes que respondemos "Ele está no meio de nós" o fazemos pela certeza de que não há melhor presença para nós do que o Senhor. Isso se dá através da eucaristia, da real presença do Senhor no meio de nós. Mesmo com todas as pretensões de esvaziar a eucaristia, tornando-a apenas  uma "refeição de fim de semana" somos chamados a ressaltar que o Senhor está no meio de nós. 

Dessa forma, queremos obedecer ao Senhor ao ponto de afirmar que "cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus" (Jo 6, 69). Ele para nós não é apenas alguém importante que fez coisas boas, mas é o Santo de Deus. Mais do que um revolucionário, Ele é o ungido do Pai. 

Com estima, Pe. Emanuel Rodrigues
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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Carlos de Foucauld (1858-1916)


Semanalmente faremos a postagem da vida de um sacerdote todas as sexta feiras.

Presbítero, viveu no deserto norte-africano no meio dos Tuareg. Com a sua fervorosa e generosa fé, o
ardente amor por Jesus Eucaristia, o respeito pelos homens, a predileção pelos mais pobres, nos quais sabia descobrir o reflexo do rosto do Filho do Homem, ele nunca deixou de atrair, até depois da sua morte, um número cada vez maior de almas para o mistério de Nazaré.
Nasceu em Estrasburgo (França), no dia 15 de Setembro de 1858. Ao ficar órfão com 6 anos cresceu, com a irmã Marie, sob os cuidados do avô. A formação cristã recebida na infância permitiu-lhe fazer uma sentida Primeira Comunhão em 1870.
Na adolescência distanciou-se da fé. Conhecido como amante do prazer e da vida fácil, revelou, não obstante tudo, uma vontade forte e constante nos momentos difíceis. Empreendeu uma viagem de exploração em Marrocos (1883-1884). O testemunho da fé dos muçulmanos despertou nele um interrogativo: Mas Deus, existe? "Meu Deus, se existis, fazei que vos conheça".
Ao regressar à França, surpreendido pelo discreto e carinhoso acolhimento da sua família, profundamente cristã, inicia a estudar e pede a um sacerdote para o instruir. Guiado pelo Pe. Huvelin, encontrou Deus no mês de Outubro de 1886. Tinha 28 anos. "Quando acreditei que existia um Deus, compreendi que não podia fazer outra coisa senão viver somente para Ele".
Uma peregrinação na Terra Santa revelou-lhe a sua vocação: seguir e imitar Jesus na vida de Nazaré. Viveu 7 anos na Cartuxa, primeiro em Nossa Senhora das Neves, depois em Akbés na Síria. Em seguida, viveu sozinho, na oração, na adoração, numa grande pobreza, junto das Clarissas de Nazaré. Foi ordenado sacerdote com 43 anos (1901), na Diocese de Viviers. Depois, transferiu-se para o deserto argelino do Sahara, inicialmente em Beni Abbès, pobre entre os mais pobres, depois mais ao Sul em Tamanrasset com os Tuaregs do Hoggar. Viveu uma vida de oração, meditando continuamente as Sagradas Escrituras, e de adoração, no desejo incessante de ser, para cada pessoa o "irmão universal", imagem viva do Amor de Jesus. "Gostaria de ser bom para que se pudesse dizer: Se assim é o servo como será o Mestre?". Quis "gritar o Evangelho com a sua vida". Na noite de 1 de Dezembro de 1916 foi assassinado por um bando de ladrões de passagem.
O seu sonho foi sempre compartilhar a sua vocação com os outros: após ter escrito diversas regras de vida religiosa, pensou que esta "Vida de Nazaré" pode ser vivida por todos e em toda parte. Hoje a "família espiritual de Carlos de Foucauld" inclui diversas associações de fiéis, comunidades religiosas e institutos seculares de leigos ou sacerdotes dispersos no mundo inteiro.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Grito: reflexo da incapacidade de crer.


Vimos esses dias na liturgia (At 7, 51-8,1a) que os membros da "sinagoga dos libertos" gritaram, tamparam os ouvidos e se precipitaram sobre Estevão. Chegaram ao ponto de tira-lhe a vida, apedrejando-o. Nestes tempos que estamos vivendo, observamos que por vezes a Igreja se encontra na situação de Estevão. Portadora de uma mensagem que não é sua ela recebe os insultos de pessoas doutas, senhores inteligentes, com muitos drs no nome, mas que parecem carecer daquilo que é tão central. O fato das pessoas de ter pessoas que buscaram se aprofundar nas mais variadas ciências demonstra que os saberes são inúmeros e que as ciências avançam. Elas mesmo, quando ajudam a salvar o ser humano contribuem gradativamente para que as pessoas tenham uma vida digna.

Todavia não é isso que vemos. Observamos que em muitas situações o discurso da Igreja tornou-se é compreendido de forma errada. E vemos que mesmo nos dias de hoje, isso pode continuar acontecendo, pois as pessoas preferem um discurso cômodo que relativize as situações e as circunstâncias. É mais simples dizer que tudo está bem do que dizer que algo está errado. Apontar um erro nesse nosso tempo é pior do que qualquer outra coisa. Podemos ser apedrejados pela calúnia, pelos preconceitos pelos Drs que entendem mais do que toda Tradição da Igreja. Certa vez, lembro que uma pessoa, bem intencionada, me fez uma análise sobre a Igreja católica apontando críticas, limites e até incoerências. Escutei, silenciei e depois perguntei: o que você está fazendo para que tudo isso mude? Ao que ela respondeu: isso é coisa para o Papa, os bispos e os padre. Estou fora, sou uma simples ovelha.

Quando não nos sentimos parte, nos descredibilizamos, pois é mais fácil jogar a culpa no outro. Mesmo toda ciência humana seria insuficiente para mudar tantas realidades, pois a questão está na pessoa humana. Por isso que em tantos momentos vemos pessoas rua acima, rua abaixo gritando e tapando os ouvidos ignorando que eles mesmo são os mais incapacitados da história. Dessa forma, é concebível que o grito é o reflexo da incapacidade de crer, pois aos poucos se desviam da grande Verdade para se fechar na pequena verdade. 

Com estima, Pe. Emanuel Rodrigues
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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Portadores da bandeira da ressurreição


Esses dias ao celebrar uma missa me veio essa frase ao coração. Carregamos a bandeira da ressurreição. De fato, se somos cristãos, portamos uma mensagem que vai além de nós. Uma mensagem de contradição para este mundo que tenta de todas as formas abafar a verdade da ressurreição. Assim, desde que a Igreja desponta como sinal da vontade de Jesus que os homens tentam abafá-la. Foi assim com na ressurreição de Jesus onde os guardas do sepulcro foram comprados afim de dizer que os discípulos roubaram o corpo de Jesus de noite. Foi assim também com Estevão, pois quando não conseguiram vencê-lo, pois o Espírito falava por ele, mais uma vez a mentira entrou em cena ao ponto de dizerem que Estevão estava blasfemando.

É assim que ainda hoje continuam fazendo. No nosso tempo "as pessoas"por vezes são levadas a acreditar em qualquer coisa. O fato de alguém aparecer de branco na TV credibiliza aquilo que está sendo noticiado. É a velha questão: "é o doutor que tá falando" ou ainda "se a ciência falou é verdade". Por vezes não compreendem que até a ciência pode se corromper em caminhos tortos e tendenciosos. Por isso não seria melhor ter o "desconfiômetro" ligado? Acredito que sim, pois como diz o ditado popular: "nem tudo que reluz é ouro". Partindo deste princípio, nem tudo que se diz científico o é de fato. Por esse motivo, nós cristão católicos devemos estar atentos a tudo que nos é apresentado, pois somos lideranças e, por isso mesmo, nossa atitude passa pelo conhecimento das coisas e, por conseguinte, uma denúncia real. 

Lembro agora das guerras medievais que vemos nos filmes. É interessante perceber que sempre diante de um grupo de soldados há sempre uma pessoa com uma bandeira. Este "bandeirinha" indicava informações ao esquadrão que lhe antecedia ficando assim sob sua responsabilidade acenar a direção e as condições de luta para que os soldados obtivessem a vitória no confronto. O grande problema é que o inimigo sabia dessa estratégia e o primeiro golpe sempre era neste bandeira. Moral da história: ferindo de morte esse "bandeirinha" ficava mais fácil enfrentar o adversário, pois sem orientação muitos se dispersavam. Na vida espiritual acontece a mesma coisa. Quando somos "feridos de morte" o inimigo avança sobre os nossos e por isso acontece uma grande uma baixa em nosso exército. Estamos na frente, por isso seremos atacados primeiro. 

Dessa forma, lembremos que em nossas mãos tremula a bandeira. Não de nossas convicções pessoais, não de achismos, não das libertinagens, não das pressões. A bandeira que brilha em nossas mãos é a da ressurreição de Jesus Cristo. A mesma que a sua Igreja segura mesmo muitas vezes sendo ferida por causa das limitações. É singular o fato de que as imagens do ressuscitado carregam a bandeira da vitória. Vitória sobre a morte que não conseguiu ter a última palavra. Sigamos o exemplo de Cristo que segura a bandeira da vitória, mesmo quando ela não agrada as pessoas, mesmo quando essa vitória já é um sinal de contradição para uma sociedade que fala em vencer mesmo sabendo que já está fadada ao fracasso.

Pe. Emanuel Rodrigues
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terça-feira, 16 de abril de 2013

Intimidade, força para ficar de pé.

Caros leitores...

Esses dias fazendo a homilia nas missas do fim de semana me veio essa frase: "intimidade, força para ficar de pé".  De fato, a intimidade com o Senhor será (e é) o critério para permanecer de pé. Sem essa realidade muitos perecerão, pois essa intimidade dará condições de permanecer fiel ao amor vindo do coração de Deus. Foi essa intimidade que fez com que Pedro se atirasse no mar afim de encontrar o Senhor ressuscitado que estava na praia a espera dos apóstolos, foi ela que fez com que os apóstolos recebessem os chicotes e fossem embora felizes por serem injuriados por causa do nome de Jesus.

Essa intimidade levou inúmeros cristãos a morte. Sejam as feras, as forcas, o fogo ou ainda a decapitação. Tudo foi visto como perda diante do amor experimentado. Isso ainda hoje é uma realidade na nossa sociedade. Talvez não precisamos ir aos tribunais que nos levem a morte, mas diariamente acontece uma série de "mortes" capazes de matar a verdadeira luz que brilha em meio a tantas trevas. Gosto de ser claro e, depois, da 1ª leitura de domingo decidi ser ainda mais. Pedro em nome dos apóstolos diz que " é preciso obedecer a Deus antes que os homens" então me coloco nesse caminho. Não sei compactuá com aquilo qe não concordo.

Não faço de meu apostolado um manual de acusação das pessoas, mas quando as trevas querem esconder a luz grito sem medo. Não sou um inversor desta equação "obedecer a Deus antes que os homens". Acredito piamente que não é esse caminho que algumas pessoas fazem que vai fazer uma "sociedade mais justa e fraterna". A vida querida por Deus, o reino de Deus que muito se espera não está contido em colunas de jornais, mas em Jesus Cristo pois Ele mesmo é o Reino de Deus. Dessa forma ou as pessoas se voltam para Deus ou seremos sempre perseguidos pois nossa intimidade não nos autorizam a infidelidade.

Com Carinho e respeito, Pe. Emanuel Rodrigues

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Saber sentir...

Olá...

Vivemos num tempo marcado com o sinal da superficialidade. Por vezes, percebemos que um simples espirro causa mais barulho do que os grandes acontecimentos que estão presentes em nossa vida. Já vi gente reclamando muito da migração de aves que anualmente vão de um lugar pra outro, mas não os mesmo observam que  milhões são gastos desnecessariamente. Esse é signo de nosso tempo! Com tantas questões a serem vistas, perdem-se em questões minimas, obsoletas.

Por isso é preciso saber sentir. Sentir a dor do outro, sentir sua morte, sentir seu nascimento, sentir sua "derrota", sentir sua vitória. Talvez este seja o princípio norteador para o ser humano dos nossos tempo. Há uma carência de sentido. Alguém já disse: " a dor que sinto no meu peito,não é a mesma que vejo na TV". Deus sabe desta dimensão tão significativa e por isso mesmo foi o que mais sentiu. Sentiu compaixão, misericórdia. Sentiu a dor quando Lázaro morreu, sentiu... sentiu... Esse é um dos atributos divinos que me encanta, pois é essa capacidade de se avizinhar de Deus que o torna tão compreensível conosco. Vejamos  o que nos diz o Salmo 78: "O Senhor não nos trata como exigem nossas faltas." Essa é a capacidade de se compadecer da dor do outro. As vezes fico pensando: como é possível escutar a dor de alguém e não ser afetado por ela? Como é difícil ter que traduzir uma vida inteira em poucas palavras? Palavras são palavras podem se perder no vento. Gestos falam mais, parecem carregar em si os sentimentos. Um abraço que acolhe, um aperto que ressuscita, um sorriso que encoraja.

Nesse dia vemos no evangelho de São João (6, 22-29) a capacidade de sentir de Jesus. Depois que saciou os cinco mil homens andou sobre o mar. As pessoas começaram a procurar Jesus ao ponto de irem a Cafarnaum. Os homens procuram o Senhor pelo alimento, por serem saciadas ainda não o procuram pelo alimento que não se perde, pelo alimento de vida eterna e que "é dado pelo Filho do Homem". Quase que mudando a compreensão as pessoas perguntam a Jesus o que devem fazer para realizar as obras de Deus e Jesus responde: "A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou." Este enviado é aquele que sabe sentir, aquele que ao sentir comunica a vida nova, comunica a intimidade do Pai.

Peçamos a Deus neste dia que nos ajude a saber sentir a dor do outro. Não apenas como algo frio e calculista, mas da forma que Ele nos ensinou tendo a capacidade de chorar com o outro, pois as lágrimas são as preces que não conseguimos formular com palavras.

Pe. Emanuel Rodrigues 
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domingo, 14 de abril de 2013

Homilia de Santo Agostinho sobre o Evangelho de hoje Jo, 21, 1-19


Santo Agostinho (354-430), bispo de Hippone (África do Norte) e doutor da Igreja 
Sermão Guelferbytanus 16, 1 

«Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo»
Eis que o Senhor, depois da sua ressurreição, aparece de novo aos seus discípulos. Interroga o 
apóstolo Pedro, obriga-o a confessar o seu amor, ele que por medo, o havia negado três vezes. 
Cristo ressuscitou segundo a carne, e Pedro segundo o espírito. Como Cristo morreu sofrendo, 
Pedro morre negando. O Senhor Cristo ressuscitou de entre os mortos, e ressuscitou Pedro 
graças ao amor que este lhe tinha. Interrogou o amor daquele que se declarava agora 
abertamente, e confiou-lhe o seu rebanho. 
Por conseguinte, que é que Pedro trazia a Cristo pelo facto de O amar? Se Cristo te ama, o 
benefício é para ti, não para Cristo. Se tu amas Cristo, o benefício é ainda para ti, não para ele. 
Entretanto, o Senhor Cristo, querendo mostrar-nos como os homens devem provar que O 
amam, revela-nos isso claramente: amando as suas ovelhas. 
«Simão, filho de João, tu amas-me? – Amo-te – Apascenta as minhas ovelhas». E isso uma 
vez, duas vezes, três vezes. Pedro não diz mais nada a não ser o seu amor. Amemo-nos pois uns aos outros e amaremos Cristo.

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja
Sermões sobre S. João, 122, 2-4 ; 123, 5
"Apascenta as minhas ovelhas"
O Senhor pergunta a Pedro se ele o ama, coisa que já sabia; e pergunta-o, não uma vez mas
duas e mesmo três. E, de cada vez, Pedro responde que o ama; e, de cada vez, Jesus lhe confia
o cuidado de apascentar as suas ovelhas. À sua tripla renúncia responde aqui uma tripla
afirmação de amor. É preciso que a sua língua sirva o seu amor, tal como serviu o seu medo; é
preciso que a sua palavra dê testemunho de uma forma tão clara diante da vida como a que fez
diante da morte. É preciso que ele dê uma prova de amor ocupando-se do rebanho do Senhor,
tal como deu prova de temor renegando o Pastor.
Torna-se evidente que aqueles que se ocupam das ovelhas de Cristo, com a intenção de fazer
delas ovelhas suas mais do que de Cristo, têm para com elas um afecto maior do que o que
experimentam para com Cristo. É o desejo da glória, do poder e do proveito que os conduz e
não o amoroso desejo de obedecer, de socorrer e de agradar a Deus. Esta palavra três vezes
repetida por Cristo condena aqueles que fazem gemer o apóstolo Paulo quando os vê buscar
os seus interesses mais que os de Jesus Cristo (Fl 2,21). Com efeito, que significam estas
palavras: "Amas-me? Apascenta as minhas ovelhas"? É como se dissesse: Se me amas, não te
ocupes de ti mesmo mas das minhas ovelhas; olha-as não como tuas mas como minhas; nelas,
procura a minha glória e não a tua, o meu poder e não o teu, os meus interesses e não os teus...
Não nos preocupemos, pois, connosco mesmos; amemos o Senhor e, ocupando-nos das suas
ovelhas, procuremos o interesse do Senhor sem nos inquietarmos com o nosso.


sábado, 13 de abril de 2013

Jesus não faz mágica, Ele realiza milagres!

Caros leitores!

Esses dias estive e estou vivendo momentos incríveis da presença de Deus em minha vida. Primeiro, pelo próprio tempo que estamos vivendo. Páscoa é um tempo propício para sentirmos a presença do Ressuscitado, Senhor da Igreja. Segundo pela liturgia que diariamente temos a graça de celebrar. Quando essas duas realidades se juntam, percebemos o desvelar do nosso Deus em nossas vidas. 

Ser padre é uma graça de Deus e disso não tenho dúvidas, todavia só a efetivação deste sacramento nos torna conscientes do mistério que tocamos com nossas mãos. Esse mistério conhecemos de forma cotidiana; nas celebrações eucarísticas, na adoração ao Santíssimo Sacramento, na devoção mariana, nos demais sacramentos e de forma mais existencial no sacramento da penitência. Encontrar alguém destruído pelo pecado e ter a oportunidade de vê-lo restaurado pela confissão não há preço. Isso dinheiro no mundo pode oferecer. Com toda certeza é vivencial, passa por nós. Por mais que fórmulas, "psicologias" ou qualquer sinal de "entro e não me contamino" sem o critério do sentir com o atendimento torna-se frio, calculista ou apático para não dizer "ouvido de mercador".

Assim, ouso dizer o que disse recentemente numa homilia: Jesus não faz mágicas, Ele  realiza milagres! Aparentemente alguém pode dizer que é a mesma coisa. Digo que não, pois há uma diferença substanciosa em ambos os casos. A mágica é passageira e acima de tudo alienante, pois ao passar voltamos a ser nós mesmos. O milagre não. Ele é a constatação de que somos curados não apenas fisicamente, mas espiritualmente. Dessa forma, o ser humano é tomado em seus questionamentos e encontra sentido para reavaliar a sua existência sob um outro prisma. Se na mágica voltamos do jeito que chegamos, pois o ilusionismo apenas nos prende momentaneamente, no milagre voltamos de forma diferente pois é a presença do Senhor que nos acompanha progressivamente. Não apenas somos tomados pelo momento, mas carregamos um Mistério cada vez maior dentro de nós ao ponto de nos confundirmos com Aquele que portamos em nosso ser.

Dessa forma, devemos procurar o que é de fato, o que é real. Não aquilo que nos aliena, não aquilo que por vezes se dá de forma aparente. De fato: Jesus não realiza mágicas, pois Ele quer o que é eterno para cada um de nós. No milagre já experimentamos os sinais da eternidade em nós, pois Ele está no meio de nós.

Com estima, Pe. Emanuel Rodrigues
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quarta-feira, 10 de abril de 2013

É tempo de prosseguir...

Estamos começando tempos difíceis. Inversão de valores, contradições em discursos e ainda, pode-se perceber de forma quase discreta o silêncio de muitos. Sabemos que tudo isso não caiu de uma hora pra outra, mas foi e é pensado sistematicamente. Como um projeto, vemos o começo, o desenvolvimento e quase por milagre vemos os sinais do fim.

Foi por este motivo que resolvi, começar um trabalho de evangelização também com este meio de comunicação. Claro que essa iniciativa contou e conta com a colaboração de pessoas importantes e que muito me ajudam em partilhas de vida significando assim o estreitamento das relações. Muito deste trabalho, que começa hoje, tem a marca e o incentivo da comunidade Canção Nova que está em Gravatá. Obrigado a todas.

Outra motivação é a necessidade da comunicação mais direta com aqueles que me acompanham através do facebook ou Twitter. Aqui posso publicar textos que mensalmente faço para revistas e sites. Sendo assim, estou muito animado nesta tarefa de dá uma singela contribuição no que se refere ao anúncio do evangelho.

Com a estima de sempre, Pe. Emanuel Rodrigues

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